Eurocrática, formal, fria, chata, cinzenta, monótona... Já lhe chamaram tudo isto e muito mais, mas Bruxelas, um dos eixos europeus por excelência, deixou de se resignar com o que parecia ser uma inevitabilidade e tenta, a todo o custo, reverter a situação. Só não pode lutar contra o seu habitual mau tempo, mas até isso já não é o que era...
Já baudelaire dizia: “em bruxelas não há vida, há apenas corrupção.” Mas Baudelaire era francês e os franceses sempre viram Bruxelas e a Bélgica como uma imitação inferior. Ao certo não se sabe bem quando a capital belga deixou de ser vista como um marco de modernidade, onde proliferaram movimentos como o simbolismo ou o surrealismo, para passar apenas a ser vista como uma cidade cinzenta e muito chata.
Bom, na realidade, no que toca à cor cinzenta, não há grandes mistérios, pois a cidade nunca foi propriamente famosa pelo seu bom tempo (há até quem faça piada com as elegantes Galeries Saint-Hubert, o primeiro centro comercial da cidade, construído com cobertura não por uma questão de estética, mas para ficar a salvo da chuva!). Já o resto parece ter começado a descambar por alturas da Exposição Universal de 1958 – o evento que deu à cidade um dos seus mais queridos e visitados ex-libris, o Atomium, uma estrutura de 102m de altura com nove bolas de alumínio –, que muitos políticos e arquitectos da época aproveitaram como pretexto para fazerem tábua rasa de um vasto património que havia escapado à destruição maciça da Segunda Guerra Mundial.
O espírito de então, influenciado pelas novas metrópoles americanas, ditou que o seu centro histórico, exceção feita à monumental Grand-Place – a tal que Jean Cocteau descreveu como “o mais rico teatro do mundo”, e que ainda hoje é uma das mais bonitas e mágicas da velha Europa – e arredores, fosse esventrado para dar lugar a diversos túneis e anéis de avenidas longas para a circulação de carros. A ligação entre as estações do Nord e do Midi implicou mesmo cortar a cidade ao meio. Tudo em nome do progresso.
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