Barcelona não é Espanha, é Catalunha. A Catalunha não é Espanha, é Mundo. Talvez por isso se diga que Barcelona é a cidade europeia mais perto de Portugal. Os portugueses estão sempre lá caídos – e cada vez que regressam (quando regressam), continuam caidinhos por Barcelona.
Barcelona continua a valer bem uma missa. Em dez anos, a sua imagem de solidez, firmeza e seriedade mantém-se. Barcelona é uma senhora de alta sociedade, não é uma menina indolente e caprichosa como Madrid (na verdade, já nem Madrid é tão caprichosa como antes era). A maioria do comércio central permanece em actividade durante a hora solar (só os bairros tradicionais de Gràcia, Raval ou Born obedecem à siesta) e, depois do sol posto, a vida da movida segue directamente para os bares e restaurantes sem passar pela casa da partida.
Sim, mas qual é a novidade?
A novidade são os sítios para onde se vai antes de ficar em estado de sítio (apesar de isto ser a conclusão, ainda não tomei a liberdade de os mencionar). A cidade não precisa de relações públicas, de manchetes ou de facelifts – e mesmo assim, as coisas continuam a acontecer e a ser comentadas pela sociedade (nem que seja a incrível especulação imobiliária de preços, com o metro quadrado de um apartamento no Passeig de Gràcia a valer cerca de 26 mil euros). Não há em Barcelona espaços vazios que precisem de ser preenchidos com arquitectura, ou melhor, arqui-texturas, nem engenharia termodinâmica industrial para-inglês-ver (a piscina de Siza Vieira em Cornellà de Llobregat, destacada imensamente pela Wallpaper, é quase fora da muralha psicológica de Barcelona, por isso não conta, ou conta como faz-de-conta).
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